Uma bela homenagem às mulherzinhas

Senhora é a vovozinha!
Sara Maria Binatti dos Anjos

Senhora, eu?
Senhora é a vovozinha. A sua vovozinha, porque a minha continua amassando pão e revolvendo a horta! E ainda pisca o olho para o gerente do banco, a danadinha.
Quando foi que começaram a me chamar de senhora?
Será que eu sei?
Será que foi quando aquele rapaz me deixou passar na frente na fila do supermercado?
Será que foi quando eu fui pintar o cabelo, não para ficar "fashion", mas para esconder os brancos?
Será que foi quando passei chispando pela lojinha de jeans e entrei na de roupas clássicas?
Será que foi quando eu comentei com o colega mais novo que ele tinha que sair mais porque, afinal, no meu tempo a gente saía de montão?
Será que foi quando bocejei desesperadamente naquela festa, louca pelo meu pijama velhinho e os meus lençóis de algodão?
Será que eu sei?
Será que foi quando escolhi a estação de águas para passar o feriadão?
Será que foi quando me escandalizei com o beijo daquele casal na rua?
Será que foi quando disse "antigamente" pela primeira vez?
Será que foi quando parei de usar calcinha cavada?
Será que foi quando decidi pelo marrom ao invés do pink?
Quando foi mesmo que começaram a me chamar de senhora?
Será que foi quando perdi a paciência com aquela criança no restaurante?
Será que foi quando parei de passear a esmo?
Será que foi quando me senti satisfeita com apenas um abraço e um “boa noite”? E dei graças a Deus?
Será que foi quando me resignei com aquela injustiça?
Será que foi quando disse sim quando queria dizer não?
Será que eu sei?
Quando? Quando foi que começaram a me chamar de senhora?
E quando foi, meu Deus, que eu comecei a aceitar?

Vermelho & Laranja – parte III

Depois daquele fim de semana grudada ao telefone, Vermelho começou a desistir da possibilidade de receber uma ligação de Laranja...

*Link cérebro feminino – nós, mulherzinhas, quando estamos nesta fase de “eu me odeio, ninguém tem interesse em ligar para mim, sou a últimas das espécies femininas, estou gorda, com uma espinha no meio da testa e ainda por cima não tenho nenhuma calcinha que não seja de algodão” é coincidentemente o mesmo momento em que pensamos em comer o mundo com catchup (e comemos!) e vestir moletom...

E naquela quarta-feira seguinte, Vermelho foi trabalhar de moletom e tênis...passou um dia calmo, com chefe ausente, poucos telefonemas e muita comilança...eis que saindo do trabalho, Vermelho resolveu passar no supermercado para fazer pequenas compras... comprou um desodorante, um pacote de pão integral, algumas verduras e massas prontas (faria aquele macarrão assim que chegasse em casa, comeria muito e dormiria de consciência e barriga pesadas)...enquanto esperava na fila do caixa, um número desconhecido liga em seu celular...
Não esperou tocar duas vezes – filas, pessoas observando e toque de celular muito cheio de personalidade são pratos cheios e animadores para uma espera em fila....
- Alô? – disse sem interesse.
- É o celular da Vermelho?
Sem cogitar o motivo de seu recente desespero, respondeu com desdém...
- Sim, sou eu...quem fala?
- Sou eu, o Laranja, aquele cara intrometido que você conheceu no meio da semana passada, lembra?
O coração de Vermelho disparou, a boca ficou seca, o rosto enrubesceu e a voz quase saiu trêmula (não fosse o enorme esforço para parecer natural).
- Claro que lembro, e aí? Tudo bem? – Vermelho respondeu sentindo-se um pouco infantil...
- Melhor agora!!! – respondeu Laranja achando graça de sua resposta estilo canalha-encantador... – Tô brincando, você está podendo falar ou prefere que eu ligue mais tarde?
Sem pensar em nada, Vermelho respondeu rapidamente...
- Não, quer dizer, tô podendo falar sim, to só terminando umas compras no supermercado...
- Ah! Sim...qual supermercado?
Sem entender o porquê da pergunta, Vermelho respondeu desconfiada de que ele poderia estar por perto observando seu nervosismo...
- No XXX do bairro X – respondeu olhando para os lados...
- Nossa, que coincidência, é do lado daqui de casa – ressaltou Laranja, entusiasmado com a feliz coincidência.
Querendo evitar um encontro naquele momento “mulher nada atraente” - sem maquiagem, cabelos desgrenhados, sem perfume, de moletom e tênis – Vermelho apenas sorriu sem graça...
E Laranja, não querendo dar brechas para a sorte escapar...completou rapidamente.
- Me espera aí na porta, que já já eu te encontro, daí a gente conversa melhor...
Um tanto confusa e nervosa, Vermelho respondeu.
- Ok, te espero então...

*Link cérebro feminino – nada é pior, para nós mulherzinhas, que um encontro inesperado quando estamos despreparadas, entretanto, nada é melhor que um encontro inesperado quando estamos esperando desesperadamente este encontro...

Ainda faltavam duas pessoas passarem as compras na frente de Vermelho, e ela, mesmo com vergonha, precisava, urgentemente, passar ao menos gloss e blush para não se sentir tão mal. Ajeitava-se rapidamente no espelhinho do estojo de blush, quando a senhora detrás na fila disse:
- Você está ótima, não precisa se preocupar...ele vai adorar!!! – disse como quem escutara toda a conversa e soubesse bem o que dissera.

*link cérebro feminino – nós mulherzinhas somos muito solidárias quando vemos outras mulheres aflitas e, mesmo sabendo que estamos sendo intrometidas, não deixamos de dar palpites ou de se sentir grata quando outras mulheres nos elogiam.

- Obrigada, estou mesmo ansiosa! – respondeu Vermelho timidamente...
No momento em que passava as compras pelo caixa, apareceu Laranja – lindo, andar tímido, estilo “estou pronto para uma caminhada ou para uma balada”, com a barba por fazer, cabelos ainda molhados e usando um perfume irresistível. Logo que viu Vermelho no caixa, abriu um largo sorriso e soltou...
- Enfim te achei, nossa que mulher difícil viu? – brincou com Vermelho, direcionando a descontração para a moça que passava as compras.
Com um abraço tímido e uns beijinhos de cumprimento, Vermelho quis justificar suas vestimentas...
- Ei, tudo bem? Nossa, nunca imaginei te encontrar assim, toda desarrumada, saindo do trabalho e fazendo compras – explicou ela, sem disfarçar o nervosismo.
- Até parece, você está linda como sempre, aliás, como da outra vez – disse Laranja, querendo quebrar o gelo...
Um pequeno intervalo no assunto e Laranja emendou.
- Então, alguma programação para hoje?
- Não, nada...alguma sugestão? – perguntou Vermelho, logicamente querendo marcar algo para depois de um belo banho, com direito a perfume, conjunto de calcinha e sutiã novo, uma bela maquiagem e um vestido preto com decote...
- Hummm, deixa eu pensar...Pensei! Eu duvido que a gente faça essa massa juntos...lá em casa ou na sua casa? – sorriu cara de pau...
- Sério? Bom, então sugiro lá em casa...depois que eu tomar um banho, claro!
- Ok! Mas posso te seguir até sua casa, né? Daí eu coloco a água para ferver enquanto você toma banho – disse Laranja, com uma intimidade de anos de convivência...
Vermelho se assustou com a pressa do rapaz, claro! Mas o que poderia fazer? Deixar passar a oportunidade? Lembrou-se da bagunça da casa, da poeira nos cômodos, mas não havia outra opção naquele momento...ir para a casa dele? E o banho? O perfume? O Vestido? Nem cogitou o fato de que pior seria ir para a casa de um “quase” desconhecido.
- Tudo bem, então vamos?

Vermelho & Laranja - parte II

Um, dois, três dias se passaram desde o primeiro encontro. A cabeça de Vermelho revirava de incertezas, más impressões e baixa auto-estima...o telefone enfim tocou...no mesmo ritmo, o coração de Vermelho saltava aos berros...deixou tocar três vezes...

* link cérebro feminino - nós, mulherzinhas, consideramos que atender de primeira pode parecer um ato desesperado (e mesmo deixando tocar mais um pouco estamos desesperadas sim – como medo dele desistir da ligação) e não abrimos mão de parecermos um pouquinho difícil.

Respirou bem fundo e atendeu como quem não quer nada...
- Alô? – Vermelho disse.
Do outro lado uma voz feminina quebra o encanto.
- Oi amiga! Quanto tempo! É a Cinza, você não tem esse número meu, então tô te ligando para você registrar...o que você está fazendo? – Cinza questiona.
O coração de Vermelho quase parou e desiludida pontuou.
- Nada, tô assistindo TV – explicou Vermelho com certo ar de desânimo.
- Bom, se você animar de fazer algo, me liga. Não fica vendo TV o sábado inteiro não – disse Cinza.
Por um momento Vermelho se sentiu uma idiota de passar o sábado inteiro grudada no telefone ao invés de sair e divertir com amigos. Depois pensou que gostaria de estar pronta para receber a ligação de Laranja e marcar o encontro. Então pensou: o que tem demais, é só mais um sábado!
- Ok, se animar qualquer coisa te ligo – respondeu rápido, com o propósito de liberar o telefone o mais rápido possível.

Passaram-se uma, duas, três, quatro horas e Vermelho recuperava, a todo momento, aquele encontro, repassando os detalhes para descobrir erros e defeitos em sua fala, em seu jeito que poderiam ter aberto brechas para Laranja não ter retornado a ligação.

Em seus devaneios, retratava o momento...talvez o cabelo (estava sujo e poderia estar com aspecto oleoso, de quem não se preocupa com a beleza), talvez as unhas ruídas (poderiam mostrar ansiedade), a roupa (casual demais, aquela blusa sempre me deixa meio gordinha), os dentes (acho que estão meio amarelados...maldito café!).

Chegou a noite...novela foi...”zorra total” veio....e Vermelho não acreditou que estava vendo humor barato na TV. Tentou ler qualquer coisa no jornal e percebeu que embora tenha folheado o jornal inteiro, não se lembrava de nada que leu...sentiu-se só e triste...pensava onde estariam todos os amigos naquele momento...cogitou sair um pouco, se sentiu feia ao olhar no espelho...desistiu. Colocou um pijama velho e surrado...e dormiu entristecida...

O domingo chega...arrumação de casa, macarrão na casa dos pais, perguntas idiotas dos irmãos – O que você fez ontem? – resposta direta e nervosa – Nada! Estava com dor de cabeça! – responde rápido para não render mais questionamentos...

Um amigo de infância bate campainha...Vermelho sai para tomar um sorvete e colocar o papo em dia com ele...nada como um homem para tentar explicar a cabeça de outro homem...

Brigas de casal: Azul & Preto II

Azul – Amor, você olhou aquele negócio?
Preto – Que negócio?
Azul – Ai, não acredito que você já esqueceu?
Preto – Bom, não sei...qual negócio mesmo?
Azul – É, se você estivesse interessado no negócio, garanto que você não se esqueceria...
Preto – Ai, meu Deus. Só porque eu esqueci significa que não estou interessado?
Azul – Claro que sim...quando a gente tem interesse em alguma coisa a gente não esquece de jeito nenhum...
Preto – Só se mulher for assim...porque EU sou digno de esquecer as coisas mais importantes...Trabalho o dia inteiro e não consigo me lembrar de tudo...
Azul – Bom, eu também trabalho o dia inteiro, me esqueço de algumas coisas, mas o que é realmente importante eu não esqueço.
Preto – Depende. Meu trabalho é complexo e por isso às vezes me esqueço de um monte de coisas...
Azul – E quem disse que SEU trabalho é mais complexo que o MEU trabalho?
Preto – Não disse isso...já vai você começar...
Azul – Começar o que? Você sempre acha que seu trabalho é mais importante que o meu...
Preto – Ai, meu Deus. Não era pra falar sobre o negócio que eu esqueci?
Azul – Bom, se você esqueceu é porque pra você não era importante...
Trim, Trim. Preto – Alô, claro cara! Não me esqueci não...amanhã, jogo do Galo, às 22 horas, é claro que eu vou. Beleza, até amanhã.
Azul – Tá vendo, o jogo de futebol deve ter uma importância enorme....
Preto – Por que você tá falando assim? Era Laranja no telefone, você lembra que a gente já tinha marcado de ver o jogo juntos?
Azul – Eu não me lembro, mas é claaarooo que você não iria esquecer. Mesmo com um trabalho tão complexo, do futebol com o Laranja você não esqueceu...
Preto – Ai, lá vem você...eu tinha me esquecido, mas ele me lembrou agora.
Azul – Ah! Que estranho..porque eu também te lembrei do negócio e mesmo assim você se esqueceu...
Preto – Afinal, que negócio é esse?
Azul – Deixa pra lá...eu faço o negócio sozinha enquanto você vê futebol....
Preto – Ihhh...não vai falar não?
Azul – Ihhh...quer que desenha? O que é impossível fazer sozinha?
Preto – Não entendi.
Azul – Ah! Vai ver futebol, vá! O negócio é muito complexo para sua cabecinha que admira homens correndo atrás de uma bola...
Preto – Nossa, você tá chata heim?
Azul – Deixa pra lá...arrumo quem faça...

Vermelho & Laranja

Vermelho estava aguardando uma amiga num barzinho...
Pessoas passavam, ela fingia olhar mensagens no celular para disfarçar a ansiedade da espera...

Link cérebro feminino – os minutos são sempre maiores quando nós, mulherzinhas, estamos: esperando uma amiga sozinha num bar; esperando o ser amado voltar do banheiro para continuarmos discutindo a relação; esperando alguém sair do banheiro quando finalmente nosso intestino resolve funcionar; esperando o cronômetro do relógio virar a hora para pararmos de correr; esperando, esperando, esperando...

Em sua espera ansiosa e observando as situações ao redor...

Link cérebro feminino – nós, mulherzinhas, conseguimos não só observar as pessoas ao nosso redor como também imaginar toda a trajetória dessas pessoas, se são felizes, se estão passando por alguma dificuldade, se são solteiras, se tem namorado, se estão pensando em comprar uma roupa, se estão esperando alguém, se estão voltando ou indo para o trabalho, etc...

Laranja se aproxima e faz aquela pergunta que nós, mulherzinhas, morremos de preguiça de escutar...

- Ei, tudo bem? Você está sozinha?

Vermelho pensa que embora o moço seja bem “pegável”, essa pergunta poderia estragar tudo. Que falta de imaginação para se aproximar!
Antes que Vermelho pudesse abrir os lábios pra pronunciar que esperava uma amiga, Laranja disparou...

- Ai, que pergunta idiota que eu fiz né? Desculpe, é o costume. Perguntar “Tudo bem?” já é frase pronta, escapa da boca, mas perguntar se está sozinha é tão ridículo né? Bom, agora já foi, você nem precisa responder por que eu já estraguei tudo.

Antes de deixar que Laranja virasse as costas, Vermelho se redimiu. Afinal, o moço já havia quebrado todo o pré-conceito dela...

- Não, não precisa ir. Ia te responder que esperava uma amiga, e confesso que fiquei com preguiça da pergunta, mas já que você mesmo reconsiderou, sente-se, me faça companhia.

O perfume de Laranja de repente entorpeceu Vermelho. Então ela desejou que a amiga demorasse pelo menos umas 2 horas para curtir o momento com o moço...

Link cérebro feminino – toda vez que nós, mulherzinhas, desejamos que o tempo demore para passar, ele simplesmente voa. Tipo quando: comemos uma refeição deliciosa em um restaurante caro; estamos no meio de orgasmo, nos arrumamos para um evento importante, estamos tomando banho e já era pra estar lá; passamos o melhor dia dos namorados de todos os tempos, etc...

Continuo depois com a história de Vermelho...é que eu tenho mesmo que desligar o computador...ossos do ofício, ou do orifício....rsrsrsrs...

Continuando...

Laranja então se sentou de frente para Vermelho, que alisava os cabelos com certo nervosismo de primeiro encontro. Laranja fingia não perceber a ansiedade de Vermelho, mas perguntou indiscreto...

- A amiga que você está esperando não vai achar ruim de me ver aqui com você não?

Vermelho, tentando equilibrar e evitar a voz trêmula respondeu vagamente...

- Claro que não, só marcamos de tomar um chopp e colocar o papo em dia...
- Então presumo que realmente não poderei ficar, afinal, papo de amigas homem não entra...

Encantada com a percepção do moço em não querer parecer intruso, Vermelho desejou intensamente que este momento se eternizasse e sorriu timidamente para não ter que responder...afinal, se insistisse que o moço ficasse podia parecer que era oferecida e se o deixasse ir embora poderia nunca mais vê-lo...Laranja então, começou a se movimentar na cadeira olhando firmemente nos olhos de Vermelho...

- Nossa, que sorriso lindo. Discreto e tímido, mas lindo! Queria ficar a noite inteira te vendo sorrir...

Neste momento, Vermelho enrubesceu-se. Quis dizer qualquer coisa, mas não sabia o que. Sentiu-se besta...

Link cérebro feminino – nós, mulherzinhas, ficamos imbecis diante de alguém que nos interessa apaixonadamente e/ou sexualmente. Somos inteligentes, comunicativas, sabemos sempre a melhor resposta, mas, simplesmente, ficamos burras diante dessas situações inusitadas em frente a alguém que nos causa desejos. Só Freud explica...aliás, Freud, como homem, não conseguiria explicar...só Clarice Lispector explica...rsrsrs...

E Laranja continuou a frase...

- Mas realmente vou indo nessa para não atrapalhar a noite da amigas...

Laranja começou a se levantar e Vermelho, antes de deixar que a bestice tomasse conta de seu ser, ressaltou...

- Ah! Na verdade eu gostaria de ao menos saber seu nome...

Laranja sorriu largamente e disse, mostrando ar de satisfação...

- Nossa, que alívio, achei que você nem quisesse perguntar. Meu nome é Laranja, e eu gostaria, se não for muita ousadia, de saber não só o seu nome, mas também o seu telefone...

Laranja fez cara de cachorro querendo osso e o coração de Vermelho foi a mil...Afinal, não poderia ser melhor ele tomar a iniciativa de pegar seu telefone.

Link cérebro feminino – quando o homem pede nosso telefone facilita nosso desespero e anseio de termos que ter a iniciativa de pegar. Além do mais, nós, mulherzinhas, ficamos extremamente inseguras de sermos a primeira a ligar e a pessoa achar que estamos desesperadas (o que, na maioria das vezes, é verdade, mas não podemos admitir.)

- Não, tudo bem. Meu nome é Vermelho, você quer anotar o número?

Ao pronunciar essa frase, Vermelho pensou: se ele anotar é porque quer mesmo ligar se disser que guarda na cabeça já era...

- Claro que sim, você tem uma caneta?

Perguntou Laranja pegando um guardanapo para anotar, enquanto Vermelho remexia sua bolsa. De lá, saíram uma caneta e uma agenda, denunciando todo o desejo de Vermelho, que arrancou uma página de sua agenda como quem arrancava a alma inteira e entregasse de bandeja...

- O meu celular é XXXX XXXX.

Pensou em dizer mais alguma coisa, mas calou-se novamente.

- Ok. Posso te ligar amanhã?

Com sorriso aliviado e com a certeza da ligação, Vermelho se desmoronou toda...

- Claro, Laranja. Amanhã a gente se fala.

E tudo o mais que fosse conversado naquele dia não tiraria aquela situação da cabeça de Vermelho que, obviamente não foi ao banheiro no dia seguinte sem que o telefone estivesse ao lado....

Brigas de casal: Azul & Preto

Preto – Por que toda vez que começamos a conversar acabamos discutindo sempre o mesmo assunto?

Azul – Porque a gente NUNCA consegue resolver o MESMO assunto.

Preto – Você sempre bate na mesma tecla...que saco...

Azul – É porque é sempre a mesma coisa que me incomoda em nossa relação...não percebeu?

Preto – Então o que você quer que eu faça?

Azul – Eu quero que você mude de atitude?

Preto – Mas porque EU sempre tenho que mudar? Você é perfeita por acaso?

Azul – Não, não sou perfeita, mas eu sou sincera, e digo o que me incomoda...se você quer que eu mude alguma atitude pode falar!

Preto – Não, eu não quero te mudar, por isso não fico te enchendo...se eu quisesse o tempo todo te mudar eu procurava outra pessoa...

Azul – Então é isso que você me sugere? Que é impossível você mudar, que se eu quiser que procure outro?

Preto – Não...estou sugerindo pra você olhar pra o próprio umbigo e parar de reclamar das minhas atitudes?

Azul – Ah! Então agora o problema sou eu??? Suas atitudes são perfeitas e eu é que não enxergo o próprio umbigo? Então me faça enxergar, qual a sua queixa?

Preto – Não estou me queixando, cansei deste papo. Chega!

Azul – Se eu estou discutindo é para resolver a questão, não para deixarmos de lado porque você cansou do assunto.

Preto – Então resolve. O que você quer que eu faça?

Azul – Quero que você não faça mais isso.

Preto – Ai meu Deus. Começou tudo de novo...

Azul – Começou o que? Se a gente nem terminou...

Preto – Ai, você é muito chata...Não dá para conversar...

Azul – Ai, você é muito sem noção...não dá para conversar mesmo...

portas abertas

Inauguro “sou uma mulherzinha” não porque sou feminista, ou porque não entendo os homens, ou porque tenho muito o que falar, ou porque pretendo que o mundo me ouça...inauguro este espaço com a pretensão apenas de contar...contar histórias, mitos, fofocas, contos e tudo o que eu desejar...eu que sou uma mulherzinha faço deste espaço, um espaço feminino...não feminista...e me apoio em várias mulheres para descrever minhas histórias...bom, é isso é...nasce um novo blog, que não fala de assuntos novos, que não fala do inesperado, que não discrimina os homens, que não defende a ferro e fogo qualquer causa feminista...e boa sorte para mim...que sou uma mulherzinha qualquer...